“Existem praias tão lindas, cheias de luz / Nenhuma tem o encanto que tu possuis / Tuas areias, teu céu tão lindo”. Com esse trecho, os compositores João de Barro (Braguinha) e Alberto Ribeiro começam a descrever uma das praias mais famosas da Cidade Maravilhosa: Copacabana. Mas quem mora ou já visitou a cidade, sabe bem que essas palavras também poderiam representar toda a costa carioca, que, com suas paisagens encantadoras, conquistam facilmente os corações dos visitantes. Não é à toa que são figurinhas carimbadas no roteiro de todo turista e, nós, claro, não poderíamos deixar de incluí-las em nosso roteiro no Rio de Janeiro.

Para quem não viu ou não se lembra (afinal, faz um tempinho desde o primeiro post da série), no primeiro artigo sobre a viagem de amigas que fiz com a Bia Prussek, mostrei como foi o início do nosso passeio, que contou com visitas aos museus e à Feira de São Cristóvão em um dia bastante chuvoso. À tardinha, no entanto, a chuva deu uma trégua e, assim, iniciamos a segunda etapa do roteiro: da feira, pegamos ônibus e metrô em direção à praia de Ipanema, conhecida pelos versos da canção “Garota de Ipanema”, de Vinícius de Moraes. Nosso objetivo era prestigiar o fim da tarde com uma vista bonita da cidade e a Pedra do Arpoador foi escolhida como arquibancada para isso. Sinceramente, valeu muito a pena!

A vista na Pedra do Arpoador



Localizada no início da Praia de Ipanema, zona sul do Rio, a Pedra do Arpoador oferece uma vista arrebatadora daquela região. Ela está localizada em uma pequena faixa de areia (500 metros de extensão) e de lá é possível ter uma visão panorâmica da Praia do Diabo, do Arpoador, de Ipanema, do Leblon e, ao longe, o Morro Dois Irmãos. O nome da pedra tem origem no fato de que antigamente o local era um ponto de arpoar baleias, quando elas ainda frequentavam a costa carioca. Mas isso foi bem antes de os banhistas marcarem presença no local e ele adquirir uma importância histórica para a juventude carioca, o que começou a acontecer na década de 1940.

Devido à beleza do lugar e às ondas mais fortes, o Arpoador era bastante frequentado por estrangeiros e jovens mais liberais e, por isso, não tardou a ser considerado um polo de novidades da cidade, onde eram lançadas modas e tendências. Foi lá, inclusive, que nasceu a cultura praiana carioca, com destaque para dois fatos: foi onde começou a prática de surfe na cidade e, em 1948, a alemã Miriam Etz fez história ao ser a primeira garota a usar um biquíni no Brasil. Devido a essa importância cultural, o Arpoador já foi escolhido como cenário para o show de diversos artistas e serviu de base para a primeira instalação do Circo Voador (após um tempo, o espaço cultural foi transferido para a Lapa).

Em meados de 1960, foi iniciada a tradição de aplaudir o pôr do sol, prática que cariocas e turistas de todas as partes do mundo mantêm até hoje nos fins das tardes de verão, para admirar e agradecer a beleza desse fenômeno. Infelizmente não pudemos participar desse ritual durante nossa visita, pois não ficamos lá até o sol se pôr e, como o céu estava nublado, não seria possível vê-lo de qualquer forma.


Por outro lado, apreciamos a linda vista das praias ao redor, o que foi bastante relaxante e restaurador. Depois disso, seguimos pelas ruas de Copacabana e encontramos um pequeno shopping com um café maravilhoso. Ficamos por lá um bom tempo, jogando conversa fora e planejando os próximos passeios.

A zona sul do Rio de Janeiro


No segundo dia de viagem, o sol finalmente voltou a brilhar, permitindo que conhecêssemos a praia cuja descrição abriu este texto. Isso mesmo! Fomos andar pelo famoso calçadão de Copacabana e visitar alguns lugares da zona sul carioca. Vamos lá?

Praia de Copacabana



A praia de Copacabana dispensa apresentações. É um dos pontos turísticos do Rio de Janeiro (e do Brasil) mais conhecidos internacionalmente, tendo como marca registrada o calçamento em formato de ondas, feito com pedras portuguesas. Além disso, é nela onde está um dos hotéis mais famosos do mundo, o Copacabana Palace, inaugurado em 1923 e conhecido por hospedar celebridades internacionais, como Carmem Miranda, integrantes da realeza britânica e espanhola, Gisele Bündchen, Walt Disney, Mick Jagger, Nelson Mandela, entre outros.

Em frente ao hotel, a Avenida Atlântida acompanha toda a orla e tem uma das vias interditadas nos domingos e feriados para ser utilizada como espaço de lazer. Como fomos na Sexta-feira Santa, tivemos a sorte de aproveitar esse benefício, pedalando por toda a orla com as bicicletas do Itaú. Bom, esta era a nossa intenção, pelo menos. A verdade é que encontrar uma bicicleta não é bem uma tarefa tão fácil tanto pela disputa por elas quanto pela dificuldade em encontrar uma que desse para usar. Procuramos em todas as estações da região, mas apenas conseguimos uma bike e, no final, caminhamos a maior parte do trajeto.


Quando chegamos ao Posto 6, pouco depois da estátua de Carlos Drummond de Andrade, o sol já estava bem forte e, somando isso ao cansaço da caminhada, decidimos descansar e beber água de coco em um dos quiosques próximos. Foi uma excelente forma de curtir a paisagem e aproveitar a atmosfera intercultural tão característica do Rio de Janeiro. Além disso, se você também é do tipo que gosta de história, é muito legal olhar para esses lugares e saber que foi palco de tantos acontecimentos importantes para o país. Foi na própria avenida Atlântica, por exemplo, em que marcharam os 18 do Forte em 1922, desafiando as tropas do então presidente Epitácio Pessoa.

Forte de Copacabana


Do Posto 6, é possível ver uma fortificação destacando-se nos rochedos que se estendem ao mar e separam Copacabana de Ipanema: o Forte de Copacabana. A área militar é um dos principais pontos turísticos da região, tanto pela vista incrível que se pode ter da orla quanto pela história que guarda desde sua construção, iniciada em 1908. Este, entretanto, não foi a primeira ocupação do espaço. Ele já era utilizado para fins militares desde o período da colonização por conta de sua posição estratégica para a defesa da cidade. Inclusive, lá havia a Igreja de Nossa Senhora de Copacabana, que serviu de inspiração para o nome do bairro e foi demolida para a construção do forte.


A inauguração da fortificação aconteceu em 1914 quando foi considerada mais poderosa da América do Sul, e contou com a presença do então presidente Marechal Hermes da Fonseca. Nela foram instalados canhões de longo alcance formando uma estrutura em que a construção humana e as rochas naturais ficam em perfeita harmonia, a ponto de parecerem uma só. Por dentro da rocha, há um complexo de cômodos estruturados para guardar e montar as munições dos canhões, além acomodar os militares que ali serviam.

A base militar foi considerada durante muito tempo uma das principais, especialmente pelo fato de que o Rio de Janeiro era a capital do país antes da construção para Brasília. Por esta razão, alguns eventos que marcaram a história do Brasil estiveram relacionados ao lugar, como foi o caso da Revolta dos 18 do Forte, o primeiro movimento tenentista que reuniu 17 militares e um civil. Dentre as causas da revolta, eles questionavam as fraudes eleitorais da República Velha e o monopólio das oligarquias no governo.


Mas com o desenvolvimento de novas tecnologias militares, o Forte de Copacabana perdeu a força em seu objetivo inicial, sendo desativado em 1987. A partir daí, o espaço passou a abrigar o Museu Histórico do Exército, com a missão de guardar e mostrar a história do Exército Brasileiro, além de atuar como um espaço cultural e de lazer. Tanto que lá está instalada uma das unidades da Confeitaria Colombo, bastante tradicional na cidade. O legal é que os visitantes podem fazer um tour completo pelas instalações da fortaleza e depois apreciar a vista estratégica da cidade e do mar, tomando um bom café.

Esta atividade, entretanto, não estava nos nossos planos. Após nossa visita, precisamos correr para o próximo ponto turístico para conseguirmos dar conta de tudo o que havíamos planejado para o dia. E assim fomos para o Parque Lage.

Parque Lage



Considerado um dos símbolos do Rio de Janeiro, o parque é um local cheio de história, cultura e natureza. A beleza tão característica do lugar é resultado dos detalhes arquitetônicos do palacete, dos jardins com toda a vegetação ao redor e da atmosfera peculiar que tudo isso proporciona. Lá o visitantes são sutilmente convidados a imaginar como eram os tempos áureos daquele prédio, em que intelectuais e artistas frequentavam os grandes bailes promovidos pela cantora lírica italiana Gabriela Besanzoni, esposa do empresário Henrique Lage, que construiu o palacete para homenageá-la.

Embora a construção majestosa seja a marca do Parque Lage, ela não fazia parte do projeto inicial do terreno. Durante o período colonial, o espaço abrigou um engenho de açúcar e apenas a partir do século XIX que ele foi ganhando as características vistas hoje: primeiro com a construção de um jardim de estilo romântico em 1840 e, depois, com a construção de uma réplica perfeita de um palácio romano, na década de 1920, quando Henrique Lage adquiriu a chácara. O projeto da mansão foi desenvolvido pelo arquiteto italiano Mario Vodrel e conta com mármores, azulejos e ladrilhos importados da Itália. Dentre os diferenciais da obra, podemos destacar a piscina em seu interior.


Com seus jardins geométricos e mais 52 hectares de floresta da Mata Atlântica, o espaço é perfeito para quem busca descansar, fazer um piquenique, caminhar ou ler, por exemplo. Além disso, no interior do prédio, tem um pequeno café, o Plage Café, onde a comida é muito gostosa e o preço é bom, considerando que se trata de um lugar turístico. Embora eu tenha lido pela internet alguns comentários negativos em relação ao atendimento, nós, particularmente, não tivemos do que reclamar. Almoçamos nele e ficamos satisfeitas. A comida não demorou, estava uma delícia e veio em quantidade suficiente para nós.

Lagoa Rodrigo de Freitas


Após a visita ao Parque Lage, estávamos tão cansadas que decidimos voltar para a hospedagem. Assim, fomos até a parada de ônibus contornando a Lagoa Rodrigo de Freitas, situada bem perto dali (antigamente, as terras do engenho que deu lugar ao Parque Lage se estendiam até a lagoa). Entretanto, quando começamos a caminhada, não tardou a percebermos como o espaço é legal e acabou que decidimos ficar mais um tempo por ali. Vale ressaltar que foi nessa lagoa em que foram realizadas as competições de remo e canoagem durante as Olimpíadas em 2016. Inclusive, um dos nossos maiores orgulhos na época foi ver o baiano Isaquias Queiroz receber a medalha de prata em canoagem. Quem lembra?


Embora as margens da lagoa reunissem sujeiras em vários pontos, lá tem um espaço bem bacana para as pessoas passearem e praticarem esportes. Sem contar que, de lá, era possível ver os lugares ao redor sob uma perspectiva diferente e ainda andar naqueles tradicionais pedalinhos em formato de gansos! Bom, não resistimos. Logo estávamos pedalando em direção ao centro da lagoa e, sinceramente, foi incrível! Além de divertido, tivemos uma vista linda daquela parte da cidade com destaque para o Corcovado e o Pão de Açúcar.

Uma curiosidade sobre a lagoa Rodrigo de Freitas é que, devido ao formato de coração, ela recebeu o título de Coração do Rio. Mas este não é exatamente o formato original dela, que foi se modificando ao longo do tempo devido ao acúmulo natural de sedimentos marinhos e continentais, além do aterramento feito em anos anteriores. Para se ter uma ideia, estima-se que um terço das dimensões originais foram aterradas e hoje ela tem um espelho d’água correspondente a 2,5 km² e profundidade máxima de 11 metros.


Muitas aventuras para um dia, não é mesmo? E ainda tem mais! Não perca a terceira parte dessa viagem de amigas que logo será publicada (prometo que desta vez não vou demorar!). E se você gostou desse post, compartilhe com seus amigos e siga o Pergaminho Amarelo nas redes sociais. Também não se esqueça de assinar a newsletter para ficar sempre atualizado com as novidades!