A escolha de um programa para fazer intercâmbio não costuma ser tão fácil, mesmo quando se tem a consultoria de alguém especializado. São tantos os tipos existentes que muitas vezes confundem ainda mais nossa escolha, por isso é fundamental avaliar aquele mais indicado para seu perfil. Mas a verdade é que, na maioria dos casos, o preço é o grande fator decisório e muitas pessoas acabam optando pelos mais baratos, aceitando desafios aos quais não estão verdadeiramente dispostas, como ser babá. Por isso, pense bem: você tem mesmo o perfil de uma Au Pair?
Os benefícios prometidos são realmente encantadores. Imagine só unir em um único pacote a possibilidade de estudar, trabalhar, viajar, construir novas amizades e, de brinde, ganhar uma família! Fantástico, não? Mas para que tudo dê certo, é preciso ter atenção às exigências do cargo, pois não se trata apenas de frequentar algumas aulas, passar umas horinhas com as crianças e aproveitar o resto do tempo como bem entender. Envolve muitas obrigações relacionadas aos cuidados com os pequenos e a convivência com uma família de uma cultura diferente.
Vi muitos casos e relatos de meninas que tiveram um sonho transformado em pesadelo. Obviamente podem ser vários os fatores responsáveis por uma má experiência, mas nessas situações em particular, o motivo da decepção correspondia a um intercâmbio errado para o perfil delas. Pensando nisso, listei abaixo algumas características necessárias para alguém interessado em ser Au Pair. Confira!
Cinco características importantes no perfil de uma Au Pair
1 - Gostar de criança
Parece uma dica óbvia, mas, muitas vezes, as(os) intercambistas não fazem uma análise real do significado dessa exigência devido ao rápido encantamento com as vantagens listadas. Quando falo “gostar de criança” não me refiro apenas àquela experiência de algumas horas em que brincamos com nossos parentes pequenos, mas de todo o pacote incluso nessa expressão.
Uma Au Pair vai passar seis horas diárias cuidando da(s) Gastkind(er) e nem sempre tem os Gasteltern (pais anfitriões) para dar uma ajudinha. Você pode até pensar que esse tempo passa rápido. De fato passa. Exceto quando os pequenos não estão em um bom dia e decidem fazer birra durante todo seu horário de trabalho. Paciência e criatividade são fundamentais e, caso não seja seu forte, é melhor pesquisar outros tipos de intercâmbio.
Tem irmãos ou primos pequenos? Então observe todas as atividades que os responsáveis por eles precisam fazer. Comida, banho, troca de roupa, brincadeiras, tarefas da escola, educação (sim, também será necessário educar as crianças)... Tudo isso vai fazer parte das suas tarefas. E não adianta aceitar apenas famílias com bebês, com apenas uma criança ou com adolescentes, por acreditar que determinada faixa etária pode ser mais fácil e dar menos trabalho. Vai, sim, ter trabalho em algum momento, exigindo muito jogo de cintura.
2 - Estar preparado para morar com estranhos
A casa dos outros não como é a dos nossos pais. Pode até parecer clichê essa frase, mas é a mais pura verdade. Por mais que sua Gastfamilie seja perfeita e te trate como parte da família, eles têm as regras da casa e é preciso adaptar-se a elas. Aliás, isso é muito importante para garantir a boa convivência com essas pessoas, que farão parte do seu dia a dia pelos meses de intercâmbio.
Desta forma, talvez seja necessário deixar alguns hábitos de lado e adquirir outros que, a princípio, não lhe agrade. Obviamente você não será obrigada(o) a fazer algo que não queira, mas isso é um processo natural e necessário. Lembre-se: do mesmo modo que você está se adaptando a eles, eles também estão a você. Se todos cooperarem é possível construir um relacionamento forte e duradouro. Flexibilidade é a palavra do jogo.
3 - Não ser exigente em relação à privacidade
Assim como o respeito, privacidade é algo bom e todos gostam. Mas como Au Pair ela pouco existirá. Primeiro, porque a(o) intercambista mora na casa de outra família, já sendo motivo suficiente para perder 50% da privacidade. Depois, existem crianças envolvidas e elas não entendem o significado de horário de trabalho. Dependendo de como o relacionamento entre vocês se desenvolva, logo será considerada(o) uma pessoa querida e importante e, por isso, não hesitarão em bater na sua porta para mostrar a camisa do Brasil presenteada pela avó, por exemplo.
Minha Gastmutter sempre teve muito cuidado para que eu tivesse meu espaço e meu tempo livre respeitados. Realmente não posso reclamar. Mas isso não impediu de as crianças me acordarem em alguns dias de folga porque queriam me contar sobre o passeio que logo fariam ou mostrar uma surpresa praparada para mim, nem de as meninas usarem alguns dos meus pertences porque queriam ficar parecidas comigo.
4 - Não consegue ficar longe da sua família
Durante o momento de empolgação, mal paramos e pensamos na saudade que logo sentiremos da nossa família. E isso dói mais do que imaginamos. “Ah! O tempo passa muito rápido e logo estarei de volta”. De fato, quando menos esperar estará dentro do avião voltando para o Brasil. Mas, ainda assim, um ano pode ser desastroso quando se é muito apegado.
Comigo, por exemplo, houve várias situações em que apenas desejava correr para o colo da minha mãe. Fora quando sentia a necessidade de falar português com alguém. Por sorte, minha prima morava em uma cidade vizinha e tinha uns amigos brasileiros ou que falavam português. A saudade de casa e da nossa cultura sempre aparecem, desta forma é bom considerar se está preparada(o) para essa distância.
Digo isso porque vi relatos de várias intercambistas que sofrem bastante do famoso Heimweh (saudade de casa, do país de origem). Muitas, inclusive, não conseguem concluir os doze meses longe de casa e, como consequência, não aproveitam o investimento. Pense bem no assunto: caso ficar longe de casa seja normalmente uma ideia muito difícil, talvez seja melhor optar uma viagem de algumas semanas. Na Europa, por exemplo, brasileiros podem ficar até três meses como turistas sem a necessidade de visto.
5 - Estar disposta (o) a sair da zona de conforto
Sair da zona de conforto é uma das grandes vantagens desse intercâmbio, proporcionando o maior aprendizado e crescimento pessoal que você vai experimentar. Mas é preciso querer essa experiência, pois, não é nada fácil se sentir vulnerável, fora do conforto e segurança da vida cotidiana. Inclusive, pode até ser um pouco assustador num primeiro momento.
Reflita se está preparada(o) para ultrapassar essa fronteira entre o conhecido e o desconhecido e experimentar situações completamente novas. Se virar em terras estrangeiras é bem mais complicado do que em nosso próprio país.
Bom, essas são as características mais importantes no perfil de uma Au Pair. Claro que elas não são fatores determinantes, pois tudo também vai depender de você. Afinal, todos nós podemos mudar e nos adaptar. Se tiver mais sugestões ou quiser dar um alô, fique à vontade para comentar ou entrar em contato!
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