Onze horas da noite e ainda estou aqui, em frente ao computador buscando inspiração para um texto. Por que nunca vem um brainstorm quando preciso? Na verdade, vem sim. Muitos já vieram, principalmente quando estava sob pressão. Escrever uma crônica... Nossa, nem escrever sobre a falta de inspiração que me abarca no momento posso, parece tão batido! Deve ser o tema de boa parte da turma. Talvez escutar música possa trazer a inspiração da qual preciso... Poxa, escrever tem sido um pouco complicado neste semestre, minha inspiração está decadente.

Inspiração... Devo me preocupar? O professor disse que jornalista não pode ter falta de inspiração. Ai, meu Deus! Será que minha escolha profissional está abalada por isso? Será que se lesse mais ou mesmo praticasse mais conseguiria melhorar dessa falta de inspiração? Será que jornalista não tem dias difíceis de produção textual? Que tormenta! Sinto-me tão bem fazendo jornalismo... Entrevistas, pesquisas, experiências... E descobri do que gosto de falar: ciência! Adoraria escrever reportagens para revistas como a Superinteressante, seria fantástico saber das últimas novidades científicas... Últimas novidades... Que redundante! É o tipo de construção que não poderia utilizar em meus textos...

Essa música é a cara da minha sétima série... Bons tempos... Época em que minha maior responsabilidade era o colégio e, embora estivesse sufocada de trabalhos, sempre tinha tempo para ler meus livros, assistir TV, passar horas conversando com amigas ao telefone... Nossa, incrível como havia assunto para conversar! Por mais que passássemos a manhã juntas conversando, sempre tinha assuntos para o telefone. E hoje? Ah! Mal tenho tempo para o telefone e os assuntos não duram mais todas aquelas horas...

Na época eu escrevia diário... Na verdade escrevi até metade de 2008, depois disso o tempo não me permitiu... Ah! Que saudade de fazer diários! É tão bom registrar o dia a dia, guardar nossas memórias com todo o cuidado, prezando cada detalhe da folha. Sim, diário é mais do que escrever, é o ingresso do cinema que você anexa na folha, o adesivo fofo que você cola, os cartões de amizade que recebe, as declarações que escrevemos, sem nunca enviar, mas estão ali, nas folhas daquele caderninho... Sim, eu fiz isso. Fiz declarações que nunca chegaram à pessoa de destino. Covardia? Eu chamo de autopreservação... Mas a vida é feita para se arriscar... Será que as anotações de um diário são crônicas? Um diário seria uma coletânea de crônicas?

Não sei, aliás ainda não entendi direito o conceito de crônica. Antes até cheguei a diferenciar esse gênero do conto pelo tamanho dos textos. Depois descobri aquela crônica com o tamanho do que classificaria como conto e a partir daí me perdi nos dois gêneros... Será que meus pensamentos podem ser uma crônica? Queria que a Jeane me ajudasse com isso. Ela sempre me ajuda com essas coisas. Talvez se ela lesse o que já escrevi pudesse orientar-me... Terei de me arriscar... A vida é feita para se arriscar! Só preferiria que minha nota não estivesse em jogo nas vezes em que me arriscasse... Eu queria tanto fazer laboratório de impresso no semestre que vem! Mas tem o IRA que depende das minhas notas... Será que consigo?

(Texto produzido para a disciplina de Impresso II, ministrada pelo professor Ronaldo Salgado, do curso de Jornalismo da UFC / Foto: Isabel Filgueiras)