É difícil acreditar, mas já completou um ano desde que voltei para o Brasil. Para ser mais específica, foi no dia 19 de Julho de 2016 que deixei a Alemanha pelo aeroporto de Frankfurt para ser calorosamente recebida em Fortaleza por minha família. A sensação de voltar para casa e rever pessoas queridas misturava-se com a saudade que brotava daquelas que deixei do outro lado. E agora doze meses já se passaram. Um bom tempo para fazer algumas análises e ver qual foi a real influência dessa experiência na minha vida. O que aprendi como Au Pair, afinal?

Passar um tempo fora muda a maneira como vemos e lidamos com determinadas situações. O aprendizado é enorme e, por isso, separei os cinco principais que levo comigo constantemente. Espero que curtam a leitura!

É nos pequenos detalhes que está a beleza da vida


A rotina pode ser bastante perigosa quando nos fechamos nela. O motivo é simples: nos tornamos cegos para ver a importância de pequenos detalhes e para admirar coisas que estão presentes em nosso dia a dia. São os desenhos dos prédios, peculiaridades da nossa cultura, os trejeitos das pessoas, as palavras ditas ou escritas por alguém, por exemplo. Quando viajamos ficamos mais sensíveis a esses elementos, exatamente por estarmos fora da nossa rotina e, no fim, damos mais valor.

Além disso, aprendi que bons momentos são aqueles vividos com as pessoas certas e nem sempre festas ou viagens homéricas são necessárias. Um simples piquenique no parque, um passeio pelo centro ou um café na casa de alguém talvez seja tudo o que estamos precisando.

Algumas situações podem não ser tão preocupantes quanto parecem


Dizem que mães de primeira viagem tendem a proteger demais a criança até entender o que realmente é perigoso ou não. Isso foi mais ou menos o que passei nos primeiros meses como Au Pair. Se alguma das Gastkinder decidia escalar as árvores do parquinho meu coração já disparava. Ou se escorregavam e caiam, eu me levantava automaticamente num salto e corria na direção delas. Até que, com o tempo, aprendi qual era o limite de cada uma e percebi que algumas situações não são tão preocupantes quanto parecem. Afinal, quem nunca escalou uma árvore ou caiu sem sofrer um arranhão quando criança?

A verdade é que esse mesmo princípio vale para nosso dia a dia. Muitas vezes nos deparamos com momentos que parecem um bicho de sete cabeças, mas são bem simples quando analisamos com calma. Desta forma, não adianta se desesperar achando que o fim do mundo está próximo. Antes, é preciso pensar nos fatos para descobrir o que realmente representam e qual é a melhor solução para eles. Afinal, a preocupação constante só aumenta ainda mais a complexidade do caso.

É preciso muita paciência e jogo de cintura


Quem já cuidou de criança sabe que não é bem uma tarefa muito fácil. Elas acham que podem fazer de tudo, são curiosas, teimosas, inocentes e sempre surpreendem com certas observações. Para acompanhar essa energia, é preciso entrar no mundo delas e isso exige muita paciência e jogo de cintura. Para ilustrar, um dia fui com uma das minhas Gastkinder em uma trilha e, quando estávamos voltando, ela começou a chorar porque não queria mais andar. Bom, não tinha como a Gastmutter (mãe anfitriã) nos buscar e a menina não queria ir nem até os bancos que ficavam a alguns metros.

Eu precisei distraí-la de alguma forma: contando histórias, fazendo-a pensar em outras coisas e, conforme ela se acalmava, criando jogos até que finalmente chegássemos em casa. No fim, ela já estava bem animada e o cansaço logo se dissipou quando encontrou as outras crianças. A vida flui mais ou menos da mesma forma. Podemos compará-la, sim, aos caprichos infantis, exigindo uma habilidade especial para enfrentar algumas situações cotidianas, o que é facilmente observado no nosso relacionamento com as mais diferentes pessoas ou durante a realização de projetos (pessoais ou no trabalho).

Planejar é importante, mas ser espontâneo também é


Como se diz no mundo dos negócios, planejamento é fundamental para alcançarmos nossos objetivos. Seja para fazer a viagem dos sonhos, seja para conseguir determinado cargo no emprego, o primeiro passo é estabelecer aquilo que precisamos fazer e os prazos para cumpri-los. Por mais que tudo aconteça de forma diferente no fim das contas, é isso o que nos ajuda a manter o foco e fazer o necessário para conquistarmos o que queremos. Essa medida foi fundamental para eu fazer meu intercâmbio e aproveitá-lo da melhor forma, além de saber o que fazer quando voltasse para o Brasil.

Por outro lado, a espontaneidade não deve ser desconsiderada. Afinal, a vida é cheia de surpresas e as grandes oportunidades podem estar bem fora do que havíamos planejado. Isso serve tanto para coisas simples, como aceitar um convite em cima da hora para dar uma volta na praia, quanto para decisões mais complexas, como mudar a cidade de destino. Muitas vezes estamos tão focados em seguir determinado caminho que não enxergamos outros diferentes e, assim, deixamos de conhecer pessoas interessantes, descobrir lugares incríveis e, consequentemente, perdemos uma experiência. A vida é maleável e nós precisamos acompanhá-la.

Fazer as coisas sozinho não é tão ruim assim


Quando se está longe de casa e não tem seu grupo de amigos por perto, é preciso aprender a participar sozinho de eventos. Caso contrário, não vamos sair de casa. Eu descobri que isso não é tão ruim quanto parece e é, inclusive, uma forma de conhecer mais pessoas. Foi o que aconteceu quando fui a uma festa de forró em Stuttgart. Eu queria aproveitar meu domingo e meus amigos não podiam sair naquele dia. Resultado: fui só. No início foi um pouco monótono, mas no fim conheci muitas pessoas e uma delas se tornou um bom amigo durante meu tempo na Alemanha.

A falta de companhia poderia até me assustar ou me fazer desistir de ir a um lugar. Hoje, porém, a realidade é outra: se não participar de um evento em que tenho interesse será por cansaço ou falta de verba. Por mais estranho que possa parecer, às vezes é bom ficar só e fazermos as coisas do jeito que gostaríamos. Assim, aproveitarmos melhor aquilo que nos é importante.

Um intercâmbio realmente proporciona inúmeros ensinamentos para nossa vida. O que aprendi como Au Pair foi muito importante para meu crescimento pessoal e profissional e pude sentir isso nesse ano que completei no Brasil. Agora é com vocês. Já fizeram intercâmbio? O que aprenderam com ele? E você que está se preparando para fazer um, quais são suas expectativas? Compartilhe sua experiência conosco!