Quem nunca precisou correr contra o tempo para colocar uma tarefa em dia ou entregar algo importante dentro do prazo? Nessas horas, o estresse aumenta e a dúvida sobre como se chegou a tal situação continua sem resposta, não é mesmo? O problema é que sempre aparece alguma desculpa pronta para atrasar ainda mais certas atividades e conseguir a concentração necessária para elas é considerada praticamente uma missão impossível. É assim que a procrastinação torna-se um hábito e pode virar um grande problema para as pessoas.

Procrastinar é o ato de postergar tarefas consideradas urgentes e importantes por outras que não são tão essenciais e nem são tidas como prioridade. Este é, inclusive, um dos principais problemas entre estudantes e profissionais hoje em dia, chegando a atingir 95% das pessoas em geral, de acordo com o pesquisador T.J. Potts. Mas existem situações ainda mais graves, em que a procrastinação é considerada crônica. Esta é a situação de 15% a 20% dos adultos e de 33% a 50% dos estudantes. Nesses casos, as pessoas deixam de ter um funcionamento normal no dia a dia, pois as tarefas procrastinadas são altamente relevantes e o atraso delas atrapalha seriamente a vida dos indivíduos.

Entretanto, é preciso ressaltar que nem todo adiamento é considerado um ato de procrastinação. Atrasar algumas atividades pode ser parte do processo de estruturação ou priorização de determinado projeto, enquanto a procrastinação é resultado de um atraso voluntário e desnecessário, feito sob o conhecimento de que isso pode ter consequências negativas em relação ao próprio desempenho ou sentimento. Normalmente esse hábito está relacionado às tarefas que não são prazerosas para os indivíduos, são consideradas difíceis de serem executadas e exigem um grande esforço pessoal, uso de habilidades complexas ou um tempo excessivo.

Por que as pessoas procrastinam, afinal?


A procrastinação está diretamente relacionada ao nível de estresse tão característico do mundo moderno e ao medo de fracassar. As exigências cada vez maiores no dia a dia e a quantidade de informações às quais somos diariamente expostos costumam, portanto, ser um dos principais fatores que levam a esse hábito, de modo que olhar para a lista de tarefas torna-se algo extremamente maçante e o cérebro simplesmente se recusa a colocá-la em ação. Também é preciso considerar que as pessoas hoje são extremamente autocríticas e acabam preferindo inconscientemente fazer algo que proporcione bem-estar do que enfrentar situações mais complicadas.

Além disso, pode-se apontar mais três razões: a personalidade, a dificuldade de autogerenciamento e os fatores situacionais. No primeiro caso, existem pessoas que são mais propícias à procrastinação, ou seja, elas apresentam uma personalidade mais vulnerável a esse hábito do que outras. Depois, a dificuldade de autogerenciamento exerce um importante papel nesse sentido, incluindo ações como pouca perseverança nos projetos ou dificuldade em gerenciar o próprio tempo. É por isso que sempre permanece o dilema entre ter a intenção de fazer algo e realmente colocá-lo em prática.

Postergar tarefas normalmente reduz a sensação de tensão ou mesmo proporciona a ideia de sucesso por estar resolvendo outra coisa. Dessa forma, o ato de procrastinar pode ser considerado uma tentativa consciente ou inconsciente de autopreservação e autorrespeito. Por fim, como já comentamos antes, esse hábito também está ligado a fatores situacionais, como a complexibilidade, a estrutura e a atratividade da tarefa.

As consequências que esse hábito pode causar


Embora traga uma boa sensação para as pessoas em um primeiro momento, a procrastinação pode ter sérias consequências. A maioria dos estudos relacionados ao tema no ambiente acadêmico mostram que esse hábito leva os estudantes a um baixo nível de sucesso, com notas insatisfatórias e baixa performance nas atividades. Em longo prazo, o quadro é ainda pior e afeta a própria saúde das pessoas. Isso porque quem procrastina apresenta um nível elevado de estresse e desenvolve o sentimento de vergonha, frustração e culpa. E não para por aí! O indivíduo geralmente tem dificuldades em alcançar os objetivos pessoais, desenvolver capacidades ou ser produtivo.

É importante ressaltar que, quando se trata de uma procrastinação crônica, ela pode paralisar a vida de uma pessoa e é bem mais difícil de ser tratada. Por isso que, nesses casos, é importante contar com o auxílio de psicólogos, cujo trabalho ajuda os procrastinadores a desenvolver novos hábitos que eliminam ou reduzam a procrastinação. Para isso, é fundamental que o procrastinador reconheça a existência do problema e se esforce para solucioná-lo, pois apenas assim o tratamento será bem-sucedido.

Como combater a procrastinação


Existem vários métodos para combater a procrastinação, ajudando as pessoas a melhorarem a gestão das atividades e o rendimento pessoal no dia a dia. Dentre elas, podemos destacar cursos, consultorias, livros sobre o assunto e psicoterapia. Mas se você é um procrastinador de carteirinha, algumas atitudes simples já podem ser o começo de uma importante mudança na sua vida. Por isso, listamos as principais delas para ajudá-lo nesse desafio. Confira!

  • Divida uma tarefa grande em etapas: atividades complexas e longas tendem a desanimar qualquer pessoa quando vistas de forma ampla. Dessa forma, é importante dividi-las em etapas menores, tornando-as mais realizáveis e menos assustadoras. Por exemplo, se sua ideia é escrever um livro, separe o trabalho em etapas e estabeleça uma quantidade mínima de páginas que devem ser escritas diariamente. Assim, o trabalho torna-se mais fácil.
  • Diminua o grau de autoexigência: o perfeccionismo pode até parecer uma qualidade em um primeiro momento, mas ele é um dos grandes responsáveis pela procrastinação. Não é preciso fazer tudo perfeito logo no início. O importante é começar e aperfeiçoar seu trabalho com o tempo, conforme for adquirindo experiência. Lembre-se de que os erros fazem parte do caminho para o sucesso.
  • Deixe por perto apenas o material que for utilizar no momento: projetos e tarefas longas demandam uma grande quantidade de material que será utilizado ao longo do desenvolvimento deles. Entretanto, parte desse material não é necessária logo no início e deixá-la à vista também pode influenciar negativamente na sua força de vontade. Assim, separe o que vai utilizar no momento e pegue o restante do material conforme for precisando.
  • Remova as distrações: retire do ambiente tudo o que pode tirar o seu foco da atividades, os chamados ladrões do tempo. Celular, televisão e alguns sites, por exemplo, são verdadeiros vilões para nossa concentração. Dessa forma, retire-os do seu local de trabalho, desabilite as notificações ou mesmo desligue a internet caso não precise dela para seu projeto.
  • Intercale as etapas de trabalho com atividades menores: após cumprir uma das etapas do projeto, tire um tempo para realizar outra atividade que seja rápida, prazerosa e não tenha relação com o que estava sendo feito. Pode ser uma ligação para um amigo, uma olhada nas novidades online ou uma visita à geladeira. Essa pausa é essencial para manter o foco na tarefa inicial e conseguir bons resultados com ela.

Todos nós procrastinamos em algum momento, mas combater esse hábito é fundamental para aproveitarmos melhor nosso dia a dia. Afinal, nunca é tarde para começar uma mudança de hábitos, certo? Se você tiver mais dicas que te ajudam nesse desafio, não deixe de compartilhar nos comentários! Estamos curiosos para saber o que funciona na sua rotina.