Na agenda de todo joinvilense, julho tem uma marca especial. É o mês em que bailarinos e bailarinas do Brasil e do exterior colocam suas sapatilhas e vem encantar a todos com coreografias desafiadoras e emocionantes. Do ballet clássico à dança contemporânea, o Festival de Dança de Joinville traz à cidade um mix de estilos, oferecendo à população apresentações gratuitas nos shoppings, nas praças e em um dos centros de eventos. Os espaços tornam-se verdadeiros palcos para a arte e, assim, o ar típico de uma cidade industrial ganha um brilho diferente durante as duas últimas semanas de julho.

A programação conta com atividades diversificadas, direcionadas para bailarinos de várias faixas etárias e níveis técnicos. Dessa forma, são oferecidos cursos e oficinas e realizados seminários de dança e competições, que são divididas em duas categorias: a Meia ponta, para crianças de 9 a 12 anos, e a Mostra Competitiva, cujos participantes têm a partir de 13 anos. Os vencedores apresentam-se em uma das principais noites do evento, a Noite dos Campeões. O público também pode assistir a apresentações de companhias de dança profissionais durante a Noite de Abertura e a Noite de Gala.

A grandeza do evento, entretanto, não fica restrita aos limites de Joinville e tem repercussão internacional. Isso porque, desde a 2004, quando foi realizada sua 22ª edição, ele é reconhecido como o maior festival de dança do mundo pelo Guinness Book. Na época, foram reunidos 221 grupos, totalizando 4,5 mil bailarinos participantes. E o número continua crescendo. Em 2016, na 34ª edição do festival, houve número recorde de participantes, com 7,8 mil pessoas. Além disso, o evento envolveu 240 horas de espetáculos, apresentados no Centreventos Cau Hansen, no Teatro Juarez Machado e em seis palcos abertos montados pela cidade.

Como tudo começou: o primeiro Festival de Dança de Joinville


Se hoje o Festival de Dança de Joinville é um dos principais no mundo, o caminho percorrido até esse título foi cheio de desafios e de muito trabalho. A primeira edição do evento, realizada em 1983, já é um grande exemplo disso. Naquele ano, o estado de Santa Catarina vivia um período de fortes chuvas que resultou em mais de 100 mil desabrigados e 10 municípios em estado de calamidade pública ou de emergência. Com isso, transitar em algumas partes do estado era praticamente impossível e a comunicação entre as cidades foi bastante prejudicada. A própria Joinville não estava em uma situação fácil. Chovia muito nos dias marcados para o festival e algumas das principais ruas da cidade ficaram alagadas.

Por sorte, não houve alagamento no local do evento, permitindo que, ao longo de seis dias, as quatro noites competitivas fossem realizadas com sucesso. Dos 47 grupos inscritos, 40 marcaram presença e mostraram-se bastante solidários com a situação do estado, doando os prêmios que receberam em dinheiro para as vítimas das enchentes. Os participantes da primeira edição vieram de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo e Paraná. De lá para cá, houve tempos melhores e bailarinos de mais regiões do país passaram a colocar o evento em suas agendas.

O festival é responsável por descobrir diversos talentos, além de impulsionar a carreira de muitos profissionais. Nomes como Ana Botafogo e Carlinhos de Jesus, são apenas dois dos grandes profissionais que passaram pelas 35 edições realizadas até agora. Além disso, importantes companhias internacionais, como o Ballet do Theatro Bolshoi (Rússia) e o Ballet Stuttgart (Alemanha), também marcaram presença entre as convidadas para apresentações.

A Capital da Dança


A importância que o festival adquiriu ao longo dos anos fez com que Joinville recebesse o título de Capital Nacional da Dança durante a Noite de Abertura da edição de 2016. Embora a cidade já o utilizasse informalmente, o reconhecimento foi muito importante para fomentar mais atividades e projetos relacionados à arte. Entretanto, um ano após o acontecimento, não houve grandes investimentos nesse sentido. Tanto que, fora a Escola do Teatro Bolshoi no Brasil, a única unidade localizada fora da Rússia, e o festival, não há outras atividades ou eventos que destaquem a dança no dia a dia de Joinville, sendo, inclusive, uma das principais críticas de especialistas na área.

Desafios à parte, a verdade é que o Festival de Dança de Joinville é um dos eventos mais legais na cidade. Por isso, enquanto novos projetos são desenvolvidos para que a Capital da Dança se torne uma referência ainda maior, vale muito à pena aproveitar o clima tão envolvente e característico do período. A edição deste ano já acabou, mas se você é fã de dança e gosta de apreciar os diferentes estilos dela, então comece a se preparar já para a edição de 2018! Podemos contar com sua presença?