Ver o Cristo Redentor emoldurado pela janela do quarto é, sem dúvidas, uma cena de tirar o fôlego. Algo, inclusive, bem fácil de encontrar no Rio de Janeiro, conhecido pelas paisagens dignas dos mais belos cartões postais. A perfeita harmonia entre o mar, as construções e os morros passa a impressão de que cada detalhe foi cuidadosamente planejado para encantar os olhos daqueles que os observassem. Diante de um cenário como esse, não é difícil perceber por que tantos músicos e poetas decidiram retratar tamanha beleza em seus versos, instigando a curiosidade e a imaginação de pessoas de todas as partes do mundo.

Foi levando em conta essa promessa de encontrar cenários encantadores junto a de vivenciar uma atmosfera multicultural, que a Bia Prussek e eu escolhemos a Cidade Maravilhosa como destino para aproveitar o feriado da Páscoa em uma viagem de amigas. Sim, já faz um tempinho que fizemos esta viagem, mas ela foi tão incrível que não poderia deixar de compartilhar um pouco do que vimos e aproveitar, assim, para matar a saudade. Bom, a ideia era optar um lugar que fosse novidade para as duas e, como a Bia ainda não tinha ido por lá e nem eu conhecia o Rio devidamente (embora tenha retornado algumas vezes), a escolha foi bem rápida.

Nosso objetivo era realmente visitar os principais pontos turísticos, gastando o mínimo possível e sem abrir totalmente mão do conforto. Assim, optamos por uma hospedagem barata (que conseguimos pelo AirBnb), utilizamos principalmente o transporte público e ― algumas vezes ― o Uber para deslocamentos e fizemos a maior parte das refeições em casa, por exemplo. Essas escolhas proporcionaram uma grande economia, de modo que gastamos em torno de R$ 1 mil pelos três dias, incluindo as passagens aéreas. Maravilha, não?


Um Rio de Janeiro com chuva e um céu nublado


Bom, nossa recepção na cidade foi debaixo de muita chuva, que persistiu ao longo do primeiro dia de passeio. E isso, caros leitores, não é exatamente o que se deseja quando estamos em pleno Rio de Janeiro, concorda? Afinal, o tempo fechado prejudica não só o registro nas fotos, mas também a observação dos detalhes de um lugar tão lindo. Por sorte, a previsão do tempo para os próximos dias estava a nosso favor, então apenas fizemos um ajuste no roteiro, iniciando pelas visita a locais fechados. Assim, pegamos o ônibus e seguimos para centro da cidade.

Museu de Arte do Rio (MAR)



A primeira parada foi o Museu de Arte do Rio (MAR). Inaugurado em 2013, o museu está localizado na Praça Mauá (zona portuária do Rio) e é formado por dois prédios históricos na cidade com perfis arquitetônicos heterogênicos, unindo o clássico com o moderno por meio de uma cobertura que imita as ondas do mar. O projeto desenvolvido pelos arquitetos Thiago Bernardes e Paulo Jacobsen foi uma forma de traduzir a sigla que passou a representar o museu e, ao mesmo tempo, acompanhar o movimento das águas da Baía de Guanabara, localizada no lado oposto da praça.

O Palacete Dom João VI é o edifício mais antigo do complexo e foi construído em 1916 para ser a sede da Inspetoria dos Portos. Em 1990, com a extinção da antiga Empresa Brasileira de Portos (Portobras) da qual era sede, o edifício foi desativado e ficou abandonado durante 20 anos, sofrendo com a deterioração do tempo e, muitas vezes, servindo de moradia para pessoas em situação de rua. O descaso com o prédio histórico era tanto, que em 2009 foi realizada uma mobilização com um abraço ao palacete para chamar a atenção das autoridades. O segundo edifício, de arquitetura mais atual, é o antigo Terminal Mariano Procópio, que foi o terminal rodoviário da cidade até 1956, quando a Novo Rio foi construída.


Um fato interessante é que o museu, resultado de uma iniciativa da Prefeitura com a Fundação Roberto Marinho, não foi o primeiro projeto desenvolvido para o local. Em 2009, quando o Governo Federal cedeu o edifício mais antigo para o município, a ideia era fazer a Pinacoteca Escola do Olhar. A proposta era bastante semelhante ao do MAR, prevendo um espaço para exposições e outra para o ensino de arte, entretanto o nome foi redefinido com a formalização da parceria com a iniciativa privada e pouco tempo após o início das reformas no local.


Museu do Amanhã



Saindo do MAR, atravessamos a Praça Mauá para visitar outro local importante: o Museu do Amanhã. Ele já chama a atenção pela arquitetura diferenciada, cujo projeto pós-modernista foi desenvolvido pelo arquiteto espanhol Santiago Calatrava. O prédio está localizado em uma área do Píer Mauá que fez parte de um projeto de ampliação do porto, feito no início da década de 1950, para receber os navios que trariam turistas para assistirem à Copa do Mundo. Entretanto, como acontece com frequência aqui no Brasil, as obras atrasaram, sendo entregues apenas em 1953.

Bom, o Museu do Amanhã foi inaugurado em 2015, com uma proposta bem diferente. Isso porque ele é um museu de ciências que instiga o debate sobre o que estamos fazendo hoje, um período de grandes transformações sociais e tecnológicas, e estimula os visitantes a pensarem sobre os diferentes caminhos para o futuro. A ideia é, portanto, fazer com que as pessoas reflitam sobre seu papel no mundo para a construção de uma sociedade melhor, levando em conta aspectos políticos, econômicos, sociais e ecológicos. Para isso, a narrativa é pautada nas seguintes questões, bastante comuns na essência humana: “De onde viemos? Quem somos? Onde estamos? Para onde vamos? Como queremos ir?”

Outro aspecto interessante sobre o museu é que ele ele foi construído tendo como base as premissas da arquitetura sustentável, de modo que os materiais utilizados não agridem o meio ambiente. Eles são reciclados de alta durabilidade e que funcionam em sintonia com a natureza. Para exemplificar, a água da Baía de Guanabara é utilizada no espelho d’água para ajudar a resfriar o ambiente, a chuva é reaproveitada nos vasos sanitários e na irrigação dos jardins e o prédio também utiliza energia solar.


Este é, sem dúvidas, um dos museus mais legais que já visitei. As exposições são todas interativas, permitindo que as pessoas realmente mergulhem na narrativa proposta, passando por um processo de descobertas e análises. Sem contar que, no fim da visita, é possível passear pela área externa, contornando o espelho d’água, o que proporciona uma linda visão da Baía da Guanabara e da parte traseira do museu.

Feira de São Cristóvão



Finalizadas as visitas aos museus, deixamos a zona portuária do Rio e seguimos para o bairro São Cristóvão. O objetivo era conhecer o famoso Centro Municipal Luiz Gonzaga de Tradições Nordestinas, mais conhecido como Feira de São Cristóvão. Como o próprio nome já sugere, o local é dedicado para a cultura nordestina e reúne estandes com diversos produtos da região. Assim, os visitantes podem encontrar lojinhas com os mais diferentes artigos, como roupas, acessórios de couro e comida. Para quem é do Ceará, a feira me lembrou um pouco o nosso Beco da Poeira. De fato, ali foi possível aliviar a saudade do nordeste.

Bom, a feira é o maior sucesso entre cariocas e turistas, mas essa história não é tão nova. Começou em 1945, quando a região passou a receber grupos de imigrantes nordestinos que se direcionavam para o Rio com o objetivo de trabalhar na construção civil. Conforme os caminhões chegavam, o encontro dos recém-chegados com familiares e conterrâneos sempre terminava em festas, com muita música e comida típica. Em 2003, a prefeitura reformou o antigo pavilhão, transformando a tradicional Feira de São Cristóvão no Centro Municipal, o que fortaleceu ainda mais a importância do local.

Embora nossa visita tenha sido em um horário pouco movimentado, pois chegamos tarde para o almoço e as pessoas ali estavam se preparando para uma festa que ocorreria à noite, alguns restaurantes funcionavam a todo vapor e ainda ofereciam música ao vivo. Afinal, uma feira não é nordestina se não tiver um bom forró pé-de-serra para animar os visitantes, concorda? Foi bastante divertido relembrar alguns clássicos enquanto as pessoas ensaiavam uns passos perto da banda. Mas nossa parada por ali foi curta e seguimos em busca de um lugar para almoçar, o que não foi difícil.


No pavilhão tem um corredor com vários restaurantes, cujos cardápios oferecem os diferentes tipos de comida típica nordestina para agradar a todos os gostos (e bolsos). Nós escolhemos um bem próximo a um dos palcos principais onde conseguimos um bom desconto. E só para confirmar: a comida estava muito boa! Comemos baião, carne assada e, claro, farofa.

Bom, esta foi uma parte do primeiro dia no Rio de Janeiro e foi apenas o começo. No próximo post você vai conferir mais sobre nossa visita a outros pontos turísticos e, dessa vez, com um sol bem lindo! Então acompanhe o blog e assine a newsletter (formulário abaixo) para não perder nenhuma novidade!