Praça Luíza Távora em Fortaleza (Foto: Aline Lima)
Praça Luíza Távora em Fortaleza (Foto: Aline Lima)

No meio de um cenário tipicamente urbano, a Praça Luíza Távora destaca-se na Aldeota, um dos bairros nobres de Fortaleza. Caracterizada pelo ambiente tranquilo e pela arquitetura de estilo clássico dos prédios que a contornam, o local recebe diariamente inúmeras pessoas em busca de um lugar para passear com a família, encontrar amigos e mesmo praticar atividades físicas.

O ambiente é encantador, de modo que os visitantes têm a sensação de serem transportados para um lugar à parte da cidade. A praça parece mágica ao oferecer um lugar tão aconchegante e calmo no meio de duas vias bastante movimentadas (Avenida Santos Dumont e Rua Costa Barros).

Quando visitei recentemente o local com minha prima, encontramos uma estrutura muito boa. Primeiro, há uma cafeteria na frente da qual tem um parquinho em ótimo estado para as crianças. Do outro lado, as pessoas podem aproveitar uma academia ao ar livre com aparelhos realmente funcionando. Seria legal se outras praças, na periferia, também pudessem contar com uma estrutura assim.

A Praça Luíza Távora é um espaço ótimo para o lazer (Foto: Aline Lima)
A praça é um espaço ótimo para o lazer (Foto: Aline Lima)

Outra marca da praça é o vagão de trem histórico acomodado pelo local. O vagão foi fabricado em 1938 pela Cia Central Construction, na Bélgica. Feito em madeira, era considerado de primeira classe e operou pela Rede de Viação Cearense. Ele transportou passageiros ilustres, como Rachel de Queiroz, Padre Cícero e Getúlio Vargas.

Uma prova de amor


O que hoje representa um espaço de lazer para a população guarda uma história muito especial. A praça era propriedade do comerciante Plácido de Carvalho que, em 1921, inaugurou no local um castelo nos moldes de um palácio veneziano. A construção era um presente para a jovem italiana Pierina Tacconi Rossi que prometera casar-se com o rapaz caso o palácio fosse construído.

Castelo do Plácido de Carvalho na década de 1960
Castelo do Plácido de Carvalho na década de 1960 (Foto: Internet)

Após a morte de Plácido, em 1934, e de Pierina, em 1957, a filha do casal herdou o complexo, mas nunca morou nele. Na década de 1960, o castelo foi vendido e, na década seguinte, destruído (como tudo o que tem valor histórico nessa cidade) para a construção de um supermercado. Sorte nossa é que a rede faliu antes que destruíssem as casas situadas ao redor.

A praça ganhou um novo destino em 1979, quando a então primeira dama, D. Luíza Távora, construiu o Cearte, um espaço para abrigar os artesãos locais e que incentivasse a cultura. As casas que restaram abrigam hoje diferentes órgãos do governo do Estado, dentre eles, o gabinete da primeira dama.

Passeio na Praça Luíza Távora (Foto: Aline Lima)
Passeio na Praça Luíza Távora (Foto: Aline Lima)

É realmente lamentável que o castelo tenha sido uma das vítimas do descaso com o patrimônio histórico. Cada vez que vejo fotos do palácio (e de tantas outras construções antigas que tiveram o mesmo fim), fico impressionada como alguém consegue se desfazer com tanta facilidade de algo tão belo para construir coisas banais, como um supermercado.

Ainda bem que as políticas para preservação do patrimônio histórico no Estado tem mudado, mas ainda há muito o que fazer para mudar a mentalidade das pessoas.